Cap Magellan motiva lusodescendentes a estudarem em Portugal

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O número de filhos de emigrantes em França que entram em universidades em Portugal continua a crescer, mas o processo é ainda “longo” e “complicado” a nível administrativo, com a comunidade a pedir maior simplificação e um melhor sistema de equivalências.

“Há muitas desistências pela morosidade do processo. É um processo longo, difícil a nível burocrático e difícil também a nível institucional porque é preciso provar muitas coisas e ter várias equivalências”, disse Jorge Costa, que é o ponto de contacto na associação Cap Magellan em França para jovens portugueses que querem ir estudar para as universidades portuguesas, em declarações à agência Lusa.

Esta associação portuguesa esteve hoje no centro de conferências em Porte de Versalhes, onde decorre a feira Partir para Estudar no Estrangeiro, na qual universidades de todo o Mundo tentam atrair os jovens franceses. Numa sala cheia, a Cap Magellan, com a presença do programa ERASMUS+ Portugal, falou sobre as vantagens de estudar em Portugal.

“Portugal tem um sistema moderno e internacional, respeitado em todo o Mundo, e, como tal, esta é uma oportunidade única e de privilégio. Este é um grande poder da nossa comunidade e que pode mudar a vida de muitos filhos dos emigrantes, fazendo regressar a Portugal pessoas que estão atualmente noutros países e que talvez não vissem Portugal como um país de futuro”, reforçou Jorge Costa.

Um dos principais trunfos de Portugal é a quota de 7% das vagas totais de entrada na universidade reservada a filhos de emigrantes que queiram voltar para estudar na terra natal dos pais ou dos avós. No entanto, o processo de reconhecimento e equivalências é longo, desencorajando alguns dos potenciais candidatos.

“Somos portugueses e o meu filho quer ir estudar para Portugal. Viemos procurar mais informações sobre como é que ele poderia ir. Eu acho que sozinho ele não vai conseguir fazer tudo. Tentámos candidatar-nos com a minha primeira filha e foi um percurso de combatente, tanto assim que acabou por entrar numa faculdade privada em Portugal. Através do ensino público foi uma complicação”, explicou Maria, que veio hoje até ao salão em Paris com o filho mais novo, André.

Há mais de 50 anos em França, Maria ficou muito satisfeita com a escolha da filha de ir estudar para Portugal, sendo agora dentista, mas lembra que há cinco anos foi muito difícil encontrar as informações necessárias para aceder ao ensino superior público.

“Fomos duas vezes a Portugal, ninguém nos soube informar sobre nada, não há informação suficiente nem ajuda. Tentei ligar ao consulado aqui, tentei falar com a escola secundária em Portugal, e parece-me que cinco anos depois também vai ser complicado para o meu filho”, lamentou.

A Cap Magellan é contactada anualmente por mais de 200 estudantes em França que procuram informação sobre como aceder à quota dos 7%, mas apenas 50 acabam por chegar a ter um dossiê final e seguem em frente com a candidatura.

Esta associação, que trabalha há mais de 30 anos com os jovens lusodescendentes em França, defende uma “simplificação no número de atores e instituições que é necessário contactar para ter sucesso neste longo processo”, mas também um sistema mais justo de equivalências.

“Quando a Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior recebe as notas francesas para a equivalência, há uma redução de algumas décimas para entrar no concurso português, o que faz com que um 14 a Ciências da Vida e da Terra [em França] seja um 13,7 em Biologia e Geologia, e esta redução tem um impacto grande”, declarou Jorge Costa.

Em 2022, cerca de 12% das vagas destinadas ao contingente de filhos de emigrantes no ensino superior português foram preenchidas, um número que tem aumentado todos os anos, embora ainda esteja longe de ser uma vantagem conhecida junto da comunidade.

“É muito importante para mim que eles tenham esta vontade de ir. A minha filha queria mesmo ficar a trabalhar em Portugal, mas o salário não é a mesma coisa. Neste processo do ensino superior acho que o Estado português não nos dá informação suficiente e é pena”, concluiu Maria.

Artigo: bomdia.eu

Fotografia: DR

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