Londres: luso-guineense ajuda famílias em todo o mundo através da ginástica

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Uma aula de ginástica virtual criada em Londres pelo luso-guineense Salas Baldé durante a pandemia covid-19 tornou-se num projeto de solidariedade que já ajudou dezenas de famílias em vários países.

Desde 2020, o ‘Workout to Help’ (Exercício para Ajudar) já resultou em ações de solidariedade em uma dúzia de países, incluindo Cabo Verde e Brasil, Filipinas, Angola, São Tomé e Príncipe, Peru, México, Colômbia e República Dominicana. 

Nestes quatro anos, Baldé, que trabalha como gerente de um restaurante, também criou uma marca de roupa desportiva e publicou um livro de banda desenhada em que conta a história do projeto, tendo mais volumes planeados. 

“O meu sonho é construir escolas na Guiné, Angola ou onde for preciso”, confiou à agência Lusa o luso-guineense, de 43 anos, que nasceu em Canchungo, na Guiné-Bissau, e cresceu em Lisboa.

“Eu tive a experiência de ir a certas aldeias na Guiné e ver crianças que não estudam porque não há nenhuma escola e crescem sem poder ler ou escrever. São essas coisas que me fazem levar isto para a frente”, explicou. 

Baldé quer que a história do ‘Workout to Help’ inspire crianças, considerando: “se eu consegui, elas também podem”. 

Antigo jogador de futebol semi-profissional, Baldé já era um praticante assíduo de exercício no ginásio e um instrutor informal de amigos quando a pandemia de covid-19 surgiu, em 2020. 

Na véspera do primeiro confinamento no Reino Unido, decretado para limitar as infeções de covid-19, em março daquele ano, ofereceu-se para criar uma aula várias vezes por semana.  

A aula pretendia “não só manter a forma física, mas o convívio que existia no ginásio”. 

“Muitos amigos vivem sozinhos em quartos e assim continuávamos a conversar e a conviver, e as pessoas não ficavam tão isoladas”, explicou. 

O passa-palavra fez o grupo alargar-se além de amigos e familiares e, a certa altura, Baldé criou mais duas aulas, uma para pessoas mais velhas e outra para crianças. 

Com o regresso à normalização, alguns participantes propuseram pagar pelo serviço, o que ele recusou. 

No entanto, após falar com a família na Guiné-Bissau, apercebeu-se das dificuldades resultantes da pandemia naquele país. 

“Quando estava a voltar para casa, pensei: se há pessoas que querem pagar e eu não quero o dinheiro, porque é que não ajudamos pessoas que precisam? Então voltei ao grupo e disse: não precisam de pagar, mas cada 3-4 meses fazemos uma doação e mandamos o dinheiro para as pessoas que precisam”, recordou. 

A primeira iniciativa foi na Guiné-Bissau, através da irmã, que organizou a distribuição de comida e bens essenciais, e o sucesso convenceu o grupo a continuar. 

Seguiram-se outros países, incluindo no Peru, onde Baldé foi pessoalmente.

“Ajudámos três famílias. Foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz, ver aquelas pessoas de perto, a chorarem. Foi muito emocional. Foi extraordinário”, disse.  

No ano passado, Salas Baldé publicou o primeiro volume de uma série de livros de um projeto em banda desenhada, numa narrativa que ele próprio protagoniza e que mistura ficção com factos e personagens verdadeiras. 

O objetivo é “explicar essa história a crianças para elas perceberem não só que existem crianças do outro lado, mas que elas não têm tanto”, dificuldades com as quais se identifica e que também sentiu quando foi criança. 

O livro “Workout to Help traveling the world with Salas: Guinea-Bissau” [Exercício para Ajudar viajando pelo mundo com Salas: Guiné-Bissau] foi em escrito em parceria com Eva Ericsson e ilustrado por Polina Chistyakova e foi publicado através da plataforma Amazon. 

Além de ter lido o livro numa escola portuguesa e várias em Londres, há alguns meses encontrou-se com um dos cofundadores da rede de restaurantes internacional Nando’s em Paris, onde Robbie Brozen transportou a tocha olímpica durante uma parte do percurso (Salas Baldé com Brozen na foto acima). 

O encontro aconteceu no âmbito de um programa interno da empresa para promover iniciativas meritórias de trabalhadores. 

Baldé revelou que Brozen propôs-se a ajudar e levar projeto à África do Sul e a Moçambique, país onde o grupo de restaurantes especializado em frango assado tem parte da produção dos ingredientes dos molhos. 

Depois de distribuir casacos a sem-abrigo em Londres em dezembro, o projeto pretende ajudar uma família no Quénia a curto prazo. 

“Gostava de me dedicar a isto o tempo inteiro […] quando ajudo pessoas não me canso, dá-me muita energia e gosto vê-las felizes”, disse.

Artigo: bomdia.eu

Fotografia: DR

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