27 Jul 2022
Eduardo Costa *
Num aeroporto de Paris, uma senhora portuguesa de meia idade, dizia a um funcionário francês no momento de transposição das bagagens de mão: “eu falo português e quero que me explique o que se passa!” Perante a insistência do funcionário que lhe falava em francês, a senhora continuou a protestar sobre o facto do funcionário não a entender.
Em boa verdade, sendo Paris a segunda cidade do mundo com maior número de portugueses a viver, a maior comunidade de estrangeiros em Franca, a esta senhora assistiria o direito à indignação, que manifestava.
Aliás, o português está entre as seis línguas mais faladas no mundo. Seria de toda a justeza que o português fosse uma língua mais respeitada. Nem em organizações mundiais a nossa língua é uma das oficiais. Quando o são outras de menor dimensão, como o francês ou o russo.
As mais das vezes, em fóruns de instituições internacionais, os nossos próprios governantes veem-se na obrigação de falar em inglês, ou em francês, ou em espanhol.
A defesa da língua portuguesa como ‘oficial’ nas instituições internacionais, como as Nações Unidas, por exemplo, devia merecer o nosso empenho. O próprio Secretário-Geral desta instituição é português! Pelo menos, seria uma questão de justiça pelo reconhecimento da nossa língua como uma das mais faladas do mundo. São cerca de 250 milhões de falantes. Com perspetiva de chegar a 350 milhões em 2050.
O protesto daquela senhora bem que podia ser o nosso. Temos 250 milhões de razões para isso!
* jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional